quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O fim da humanidade

Então ele acorda só, telefone sem sinal, internet lenta demais pra qualquer coisa. Olha o messenger e não acha ninguém.
Caminhando pela casa escuta sons da rua e vai conferir na janela. Ao olhar, aprecia a movimentação do enxame desvairado. Cada criatura fazendo sua parte movimentando-se quase de modo mecânico. Quase, mas não! São todos orgânicos e teoricamente racionais.
Ele questiona a racionalidade dos tais seres, vendo eles se matando, se reproduzindo, produzindo e consumindo tudo que querem, precisam ou acham que precisam. Olha atentamente, mas não consegue entender.
Não consegue entender como as mesmas criaturas capazes de inovar tanto conseguem destruir tanto. Destroem uns aos outros, destroem o meio em que vivem, destroem o habitat de outras espécies, sujam a água que dá a vida, sujam o céu com máquinas que queimam restos de criaturas que hoje não existem mais.
Vivem achando que são os donos do planeta, que podem apoderar-se de tudo, que o fim de uma ou outra espécie graças a seus "incríveis feitos" é um mal necessário.

Ele fica triste e com raiva. Maldiz os da própria espécie, deseja o fim desse câncer que apodrece o planeta, mas não acha correto começar essa batalha, afinal outros virão e causarão tanto estrago quanto esses ja causaram.
Após concluir isso ele aceita o fato e segue sua vida tentando não pensar muito nisso. Tenta imaginar quando foi que a vida tomou esse rumo, quando a ganância e o desprezo ao próximo tornaram-se entidades visíveis, quando foi que aconteceu o fim da humanidade... Ele se esforça para pensar em outra coisa já que essas questões só servirão pra esquentar mais a cabeça.

De repente ele recebe a notícia que em vários lugares do mundo ha gente derrubando gananciosos, unindo-se em prol do bem coletivo e mostrando que ainda há humanos legítimos, com alguma pureza e força de vontade, gente que cultiva o amor em todos os sentidos da palavra.
Ele fica aliviado pelas novas descobertas, lembra que também há humanos em que pode confiar. Chama eles de amigos e irmãos e agradece aos que o mostraram que mesmo a passos lentos a humanidade evolui, que há grupos pensantes fora de seu reduto

Ele sorri, vive mais um dia e tenta não esquecer das boas conclusões de hoje para que não caia em desespero de novo amanhã ou depois.

Um abraço e bom dia aos humanos!